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Carta argumentativa sobre livro "Por uma vida melhor", capítulo sobre variação linguistica de Heloísa Ramos

Texto produzido durante a avaliação da disciplina de Linguística do Curso de Mestrado Profissional em Letras (PROFLETRAS) da Universidade Estadual do Ceará.

Produzir uma carta argumentativa à Revista Istoé por matéria publicada sobre o livro "Por uma vida melhor", num capítulo sobre variação linguística de Heloísa Ramos.

Sr. Editor da Revista IstoÉ,

O povo brasileiro, apesar de ter como língua mãe o tupi-guarani, teve que se adaptar ao idioma português imposto pelo colonizador a partir do século XVIII. A língua do nosso povo foi enriquecida pelas diversas línguas e costumes daqueles que em nossas terras vieram habitar. Assim, fomos aprendendo novas palavras, novas maneiras de se comunicar, mas sempre houve uma diferenciação entre o povo da senzala e da casa grande. Com as regras do bem falar não foi diferente: a elite tinha acesso ao estudo enquanto os servos só serviam para trabalhar.
Durante muito tempo convivemos com uma sociedade iletrada, analfabética, apesar da elite se destacar culturalmente com suas leituras, suas crônicas de jornal, seus clássicos literários. Mas mesmo com o nosso linguajá Jeca-Tatu, sempre conseguimos nos comunicar, nos fazer entender quando foi necessário. Esse abismo diminuiu com a democratização do ensino no século XX, mas acabar com o preconceito tem sido uma luta cabalística.
Utilizo-me dessa memória histórica para lamentar que em pleno século XXI ainda soframos com visões elitistas e inóspitas numa nação multicultural e letrada como o Brasil, onde coadunam vários povos, várias línguas, várias religiões. Quero aqui destacar o julgamento vil da Revista IstoÉ em relação a uma pequena abordagem da variação linguística num capítulo do livro de Heloísa Ramos, adotado pelo MEC em 2011.
Para um estudioso da língua materna que tenha lido o capítulo “Escrever é diferente de falar” do livro “Por uma vida melhor”, perceberá que a contextualização sobre variedades da língua está muito bem articulada, e que a polêmica ora avivada, não passa de uma mera análise isolada e fragmentada sobre a estrutura dos signos da língua portuguesa.
A autora utiliza diversas vezes os argumentos a seguir:
“A língua escrita não é o simples registro da fala. Falar é diferente de escrever. A fala espontânea, por exemplo, é menos planejada, apresenta interrupções que não são retomadas.”
“Você, que é falante nativo de português, aprendeu sua língua materna espontaneamente, ouvindo os adultos falarem ao seu redor. O aprendizado da língua escrita, porém, não foi assim, pois exige um aprendizado formal.”
“Outro ponto importante: da mesma forma que uma criança aprende a falar observando os outros falarem, o aprendizado da língua escrita requer acesso a textos escritos, ou seja, aprendemos a ler lendo e a escrever escrevendo.”
“Neste capítulo, vamos exercitar algumas características da linguagem escrita. Além disso, vamos estudar uma variedade da língua portuguesa: a norma culta.”
“Como a linguagem possibilita acesso a muitas situações sociais, a escola deve se preocupar em apresentar a norma culta aos estudantes, para que eles tenham mais uma variedade à sua disposição, a fim de empregá-la quando for necessário.”
Com esses excertos pretendo provar a contextualização e significado que a autora dá ao seu texto quando trata das variações linguísticas, e, a todo momento, ela chama a atenção para a variedade de prestígio, a norma culta. Nesse capítulo, são apresentados conceitos de variedades regionais, sociais, para que os alunos possam perceber que a oralidade acontece de maneira espontânea, que cada região, cada grupo social tem suas características específicas, mas que na escrita é necessário o domínio da norma padrão. São feitas comparações do cuidado que devemos ter na adaptação do discurso de acordo com a situação, se num momento mais informal ou mais formal, pois a linguagem oral necessita ser adaptada de acordo com o contexto.
Os trechos estão fundamentados pelos preceitos linguísticos, que pregam o respeito à variação linguística, e assumem um caráter didático a fim de expor ao aluno de forma clara o propósito da reflexão sobre língua(gem). Dessa forma, não há a intenção de listar teorias exaustivas sobre a estrutura gramatical, mas, sim, levar o aluno a fazer uma reflexão inicial. A postura assumida pelos criadores do livro é a de que a norma culta tem grande importância e precisa ser ensinada na escola, sem, no entanto, descartar as demais normas. Sabemos que a língua dita normas e poder, mas o que dita a língua é a convivência social, o uso da mesma nos diferentes contextos intercomunicacionais.
Em nenhum momento é feita a tentativa de prestigiar a informalidade em detrimento da formalidade. Ao contrário, são utilizados exemplos de como usar os pronomes adequadamente, de como as concordâncias acontecem em número e gênero, conceitos puros de gramática normativa numa perspectiva estruturalista. E essa gramática padrão é ensinada em todo o livro. Os autores apresentam trechos inadequados à norma culta para que o estudante os reescreva e os adeque ao padrão formal, de posse das regras aprendidas. Por isso, é leviana a afirmação de que o livro “despreza” a norma culta. Ainda mais incorreta é a afirmação de que o livro “contém erros gramaticais”, ou ainda que “ensina a falar e escrever errado”.
Foram retiradas do livro algumas frases, como, por exemplo: “Nós pega peixe”, “Os menino pega peixe”, as quais foram o suficiente para que houvesse críticas ferrenhas à autora, considerada alguém que estaria pregando a “deturpação à língua”, que “ensina a falar e escrever errado”, cuja obra “contém erros gramaticais”. Quando o que a autora queria era refletir sobre as situações de comunicação e o leque amplo que a língua possibilita ao falante numa situação intercomunicativa. Quem nunca falou “nós vai”, “nós tá”, “a gente pensamos”, num contexto de informalidade onde os hábitos da fala não estão atrelados aos da escrita? E a ausência de plurais é feita muitas vezes por pessoas de conhecimento rebuscado, mas que num momento de informalidade, o que vale mesmo é o ato comunicativo, pois a língua não é estática, não é morta, é, antes de tudo, muito dinâmica. As línguas mudam no tempo, independentemente do nível de letramento de seus falantes, do avanço econômico e tecnológico de seu povo, do poder mais ou menos repressivo das Instituições. As línguas mudam. Isso não significa que ficam melhores ou piores. Elas simplesmente mudam. O objetivo do capítulo é apenas deixar claro que uma coisa é falar e outra é escrever.
Desde a década de 60 que a linguística se dedica aos estudos das variações da língua. Essas variantes, no entanto, podem permanecer estáveis num sistema, durante um período curto de tempo ou até por séculos, ou podem ainda sofrer mudanças. Quando isso acontece, uma das variantes desaparece, prevalecendo outras formas linguísticas. Vale ressaltar que nem sempre que há variação há mudança, porém, para que haja mudança, é necessário que haja a variação. Um exemplo é o que podemos dizer que vem acontecendo com a linguagem digital, em que as palavras estão sendo reduzidas a símbolos.
Admiro-me dessa polêmica que dividiu lados, primeiramente pelo nível de conhecimento que cada enunciador deveria trazer para o discurso, quando na verdade foca-se numa argumentação antiga de uma gramática prescritiva que tem como “errada” a variação que se diferencia da norma culta, de quem não se apropriou do conteúdo discorrido no livro didático e se aventurou pela mídia entusiástica e deturpadora. O que vejo e está claramente posto no capítulo do livro em questão é que são tratadas questões da pontuação, da concordância e da boa ortografia. No entanto, nessa matéria, o foco deixa de ser o estudo da língua e passa a ser colocado como o divisor de aguas para a boa política educacional no Brasil, como se o processo de ensino-aprendizagem se reduzisse apenas a uma particularidade linguística.
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais,
“A questão não é falar certo ou errado, mas saber qual forma de fala utilizar, considerando as características do contexto de comunicação, ou seja , saber adequar o registro as diferentes situações comunicativas (...) é saber, portanto, quais variedades e registro da língua oral são pertinentes em função da intenção comunicativa, do contexto e dos interlocutores a quem o texto se dirige”.(BRASIL, MEC-SEF,1997, p.31)
Ao educando cabe a utilização da língua como inserção e participação social plena e concreta, sendo capaz de expressar suas opiniões, defender suas ideias, e construir uma visão de mundo mais justa e consciente. Isso ele fará através do uso da língua nos diferentes contextos. É por isso que os PCN’s estabelecem uma visão variacionista da língua, propondo que o texto seja adotado como uma unidade básica de reflexão da língua nas séries do Ensino Fundamental, reconhecendo a variação linguística como algo inerente à língua, o que podemos observar ser um grande avanço. Ele entende a variação como um fenômeno associado a valores sociais e que, cabe aos professores e à escola como um todo cuidar para que não se possa existir, muito menos se produzir o preconceito linguístico.
Infelizmente, o preconceito na língua faz com que os indivíduos se sintam humilhados ou intimidados com a possibilidade de cometer um “erro” de português. Bagno (2006) ressalta que é “Como se o fato de saber a regência ‘correta’ do verbo implicar gerasse algum tipo de vantagem, de superioridade, de senha secreta para o ingresso num círculo de privilegiados”, mas que esse tal “erro” não existe, o que existe são variedades do português, importando para ele o contexto de quem diz o quê, a quem, como e visando que efeito. Não que a norma culta seja menos prestigiada no ensino, mas que se faz necessário entender a norma e suas variantes na fala e na escrita.
No recorte que pegaram a seguir para análise, também é clara a intenção da autora de refletir sobre as nuances da língua. Vejamos:
Você pode estar se perguntando: “Mas eu posso falar ‘os livro?’.”Claro que pode. Mas fique atento porque, dependendo da situação, você corre o risco de ser vítima de preconceito linguístico. Muita gente diz o que se deve e o que não se deve falar e escrever, tomando as regras estabelecidas para a norma culta como padrão de correção de todas as formas linguísticas. O falante, portanto, tem de ser capaz de usar a variante adequada da língua para cada ocasião.
Heloísa ainda ressalta a importância de se usar a variante adequada da língua para cada ocasião. Onde está a orientação errada, distorcida? Eu diria que está aos olhos de quem quer ver o que lhe convém, de quem não concebe a língua como ciência que se renova, que reclama análise e sofre constantes mutações. Ler frases absurdas do tipo “Esse livro é uma barbaridade”, “Trata-se de um desastre, o oposto do que é pregado por uma pessoa minimamente civilizada”, “O aluno tem que ser ensinado, se ele tolerar infração às regras então para que serve a escola?”, “Por uma vida melhor tem potencial para piorar a existência de meio milhão de brasileiros”, “é um apartheid linguístico”, faz-me pensar que há um certo  desconhecimento sobre os estudos linguísticos que têm avançado na perspectiva de tornar a língua uma raiz cultural significativa na convivência social dos povos. Tudo isso devido a uma reflexão real e concreta sobre os usos da língua cotidiana utilizada também nos grandes centros urbanos e grupos civilizados da sociedade.
O que se quer não é ensinar a falar errado, mas despertar a criticidade dos alunos a respeito de um fenômeno científico, que leva a indagações e reconstruções. Em nenhum exemplo a autora diz que deve ser falado dessa ou daquela forma, mas chama a atenção para o preconceito de uma sentença proferida fora dos padrões gramaticais. Com isso, ela induz o educando a querer utilizar a forma “correta” ao invés da “errada” para que o mesmo não sofra preconceito. Assim, os “erros” em questão, se interpretados contextualmente e explorados de forma interessante em sala de aula, contribuirão para o desenvolvimento da consciência linguística, mostrando que apesar de todas as variedades serem aceitáveis, o domínio da norma culta é fundamental para efetiva participação nas diversas atividades sociais de mais prestígio.
Faraco (2008, p.32), teórico em estudos de linguagem, afirma que “a língua é em si um conjunto de variedades”, ou seja, é um corpo heterogêneo de manifestação social, e isso não implica uma deformação linguística. Além disso, considerada a heterogeneidade intrínseca as línguas, também é importante ressaltar que essas são objetos discursivos, sociais, ideológicos e, sobretudo, políticos, longe de neutralidades (GREGOLIN, 2007).
Esta matéria, caro editor, publicada em sua revista, chamou-me a atenção pelo fato de quererem defender apenas um ponto de vista como verdade irrefutável, tentando mascarar o teor ideológico da matéria. Além do mais, acho leigo o fato de veicular tais informações utilizando-se de achismos, porque tenho certeza que uma afirmação do porte “piorar a existência de meio milhão de brasileiros” não tenha sido mensurada, mas apenas fruto da mente de alguém que acha entender de teorias linguísticas. Descarto ainda a possibilidade de os responsáveis pela matéria terem analisado profundamente o conteúdo, incorrendo no erro da fragmentação como fazem muitos jovens ao analisarem textos nas redes sociais. Outrossim, arrisco-me a afirmar que analisaram e opinaram sobre a obra sem ler.
Há de se observar para os que desconhecem a linguística, que essa ciência tem por objetivo descrever a língua e não prescrever formas de realização. Nesta perspectiva, o senso comum acha que o ensino da língua passa pelo “certo” e o “errado”, o que não se aplica numa pedagogia ancorada cientificamente na linguística.
Lamento que a revista ISTO É, ao apontar a autora Heloísa como desconhecida e sem grandes feitos na educação, na verdade, queira relacionar o trabalho da pesquisadora a algo que não deve ser levado a sério – cabe destacar que neste trecho ela sequer tem sobrenome e anteriormente é apresentada como sendo Heloísa Campos e não Ramos, o que demonstra uma desatenção e descaso para com sua identidade de professora e pesquisadora. Além do mais, ainda que tentem usar da persuasão para quererem gerar grandes efeitos no leitor, a matéria revela a imaturidade e a falta de propriedade da grande mídia em tratar de questões de linguagem.
A própria Heloísa, ao explicar a intenção da abordagem didática do seu livro, afirma que “Não queremos ensinar errado, mas deixar claro que cada linguagem é adequada para uma situação. Por exemplo, na hora de estar com os colegas, o estudante fala como prefere, mas quando vai fazer uma apresentação, ele precisa falar com mais formalidade. Só que esse domínio não se dá do dia para a noite, então a escola tem que ter currículo que ensine de forma gradual”, diz. Para uma leitura proficiente, faz-se necessário compreender e interpretar a intencionalidade do autor, bem como sua aceitabilidade e situacionalidade. Acho que vocês não levaram em consideração tais aspectos!
A opinião da revista não é a opinião dos grandes pesquisadores em Linguística aplicada, até mesmo daqueles que priorizam a norma como o professor Cipro Neto (2011, p. 12) que ao fazer considerações sobre Preconceito Linguístico cita o professor Adilson Rodrigues: “A gramática "formal" não pode nem deve ser uma ditadura da linguagem. Ela tem que ser esclarecedora e não discriminadora. (...) A questão é aceitar o que ele (o aluno) traz, até como elemento de cultura, e acrescentar a aprendizagem TAMBÉM da norma culta, até como forma de propiciar a ascensão econômica e social do aluno”. E ele acrescenta: “Definitivamente, não se pode dizer que o livro "ensina errado". O cerne da questão é outro. O que expliquei sobre o exemplo do livro é assunto da linguística, que, grosso modo, pode ser definida como "estudo da linguagem e dos princípios gerais de funcionamento e evolução das línguas" ("Aulete")”.
Faraco (2011) também se contrapõe ao que ora a revista tenta sacramentalizar: “O tom geral é de escândalo. A polêmica, no entanto, não tem qualquer fundamento. Quem a iniciou e quem a está sustentando pelo lado do escândalo, leu o que não está escrito, está atirando a esmo, atingindo alvos errados e revelando sua espantosa ignorância sobre a história e a realidade social e linguística do Brasil”.
Se seguirmos por um viés mais pedagógico considerando o público para o qual o livro foi produzido, poderemos argumentar ainda que abordar essas variantes da língua torna o ensino mais significativo, considerando o dia a dia das pessoas, em que ninguém se olha na rua e diz: Tu estás bem? Encontrar-te-ei em algumas horas!, porque o registro formal é uma característica do bem escrever e não do bem falar. Por mais pompa que tenha a pessoa, ela se utilizará mesmo na oralidade, de uma norma culta acessível a todos, para não incorrer no erro de se tornar incompreendida. Há ainda a ocorrência do plural redundante, em que uma palavra no plural já se subtende que a frase está no plural. Explicando melhor: é muito comum ouvir “cabe vinte”, “é doze horas”, onde um dos elementos estando no plural, teoricamente, bastaria para que todos os outros elementos estivessem no plural, a exemplo do inglês em “the yellow cars” (os carros amarelos), em que apenas o substantivo carro está no plural. Na oralidade, isso é comum, no entanto, a escrita do português exige plural redundante.
No entanto, analisando pelo lado positivo, louvo os críticos que disseminaram o livro “Por uma vida melhor”, divulgaram o trabalho da escritora, possibilitaram uma ampla discussão sobre o assunto, os prós e os contras, acordaram diversos adormecidos sobre a importância que o estudo da língua tem no cotidiano, sua influência e possibilidade de transformação social, fizeram professores e pesquisadores lerem e estudarem mais, desencadearam uma enorme reflexão filosófica sobre o poder da língua na sociedade, e como todo best-seller para se tornar famoso necessita ser muito apreciado pela crítica, “Por uma vida melhor” deverá entrar para os anais da história, tornando assim a autora bastante conhecida, já que fizeram tanta questão de menosprezar o profissionalismo da mesma.
Nesse sentido, sugiro que a revista possa escrever uma matéria sobre os falares do povo brasileiro, destacando as riquezas culturais da nossa língua, os dialetos, as variedades, elementos tão marcantes na sociedade e que atualmente são estudados pela sociolinguística, ramo da linguística que estuda as relações entre língua e sociedade, e como são determinadas essas relações sociais, culturais e econômicas.







REFERÊNCIAS


BAGNO, Marcos. Carta de Marcos Bagno para a Revista Veja. Disponível em

BETIM, Deleon. Por uma vida melhor na mídia. Disponível em

CAVALCANTI, Bruna; SEGALLA, Amaury. O assassinato da Língua Portuguesa. Disponível em

LEÃO, Naiara. Não somos irresponsáveis", diz autora de livro com "nós pega.. Disponível em

POR UMA VIDA MELHOR: intelectuais, pesquisadores e educadores falam sobre o livro. Disponível em

RAMOS, Heloísa et. al. Por uma vida melhor. Disponível em

SOTTA, Franciele Nickhorn Doff. Por uma vida melhor: discursos sobre a língua e seu ensino em comentários de leitores. Disponível em

 

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